Nos últimos tempos, tenho separado um pouco dos meus dias e, por consequência, utilizado o espaço dessa coluna para fazer algumas reflexões sobre o tema Gestão, sempre direcionando o olhar para os escritórios de advocacia, em que pese os principais conceitos servirem para qualquer tipo de empresa e, especialmente, para a vida.
Em recente bate-papo com um seleto grupo de advogados, realizado na OAB/RN, como início de um programa intitulado Papo de Gestão, promovido pela Comissão Especial de Gestão Jurídica, Empreendedorismo e Inovação, tive a oportunidade de falar, compartilhar das diversas experiências e, inclusive, extrair inúmeros insights envolvendo o dia a dia da Gestão dos Escritórios de Advocacia, especialmente pelo fato do referido grupo ter como integrantes advogados de diversas gerações e momentos da advocacia.
Como sempre, conversar com pessoas é certeza de obtenção de aprendizados.
Embora os assuntos que derivaram do tema Gestão tenham sido variados, talvez a palavra que mais tenha chamado a minha atenção foi a necessidade de RECORRÊNCIA.
E o que significa RECORRÊNCIA?
Em rápida pesquisa realizada via google, foi possível colher o seguinte conceito: “caráter do que é recorrente; retorno, repetição.”
Talvez dentre os diversos conceitos, ferramentas e atitudes envolvendo o tema Gestão de Escritórios de Advocacia, a aplicação da RECORRÊNCIA seja uma das mais importantes.
Afinal, durante todos os momentos do nosso dia a dia, diversas são as ideias, as constatações de que mudanças precisam ser implementadas, de que um novo formato de trabalho necessitará ser desenhado, de que uma diferente área de atuação deverá ser implementada no escritório, de que um novo estilo de vida deverá ser adotado, de que novos clientes deverão ser conquistados, dentre outros.
No entanto, após as ideias, que muitas vezes poderão ser a chave da mudança de vida ou de patamar profissional, simplesmente nada acontece.
E foi exatamente pensando e constatando isso que passei a aplicar a RECORRÊNCIA em diversos momentos da vida, atitude que não demanda muito esforço, porém, um pouco de disciplina e uma simples organização de agenda.
Eis os principais espaços criados na minha semana que, quando repetidos na semana seguinte, começam a produzir resultado:
# Dia e hora específica de reuniões com os sócios;
# Dia e hora específica para a execução de atitudes financeiras;
# Dias específicos de atendimento aos clientes atuais e futuros;
# Dia de reunião com a equipe jurídica e a equipe de apoio;
# Momentos específicos de produção jurídica e, em especial, de cumprimento dos prazos mais complexos.
E você deverá estar perguntando: qual o resultado prático disso?
Com os dias e horários específicos, além da obrigação semanal de debater determinados temas, as pessoas envolvidas em cada assunto passaram a elaborar a pauta semanal, na certeza de que, no dia e horário específico, haverá o enfrentamento do tema e, em especial, a constante tomada de decisões.
Lembre-se apenas que, embora com a adoção da referida postura tenha passado a perceber a existência de espaço para tudo e passado a perceber o milagre do tempo, os assuntos urgentes sempre surgem e, em uma situação de urgência, deverá haver flexibilidade para solucioná-la, abrindo-se mão da programação semanal e, especialmente, da RECORRÊNCIA.
Até a próxima reflexão…
Carlos Kelsen Silva dos Santos
Advogado, Sócio Gestor do Lucio Teixeira dos Santos Advogados, Especialista em Direito Privado: Civil e Empresarial, Mestre em Administração, Autor do livro “Planejamento Estratégico em Escritórios de Advocacia: a importância de planejar a prestação de serviços”, titular da coluna “Visão Jurídica”, que acontece todas as terças-feiras, durante o programa Cidade Notícias, na Rádio Cidade 94FM; integrante do projeto de educação jurídica @SEU RUMO e Árbitro da Câmara de Arbitragem do Rio Grande do Norte – CAMARN.